31 agosto, 2007

A Selecção B do Brasil

Primeiro foi Deco, agora Pepe. Portugueses desde pequeninos, ambos. Só neste país de acéfalos e de cabecinhas de vento sorridentes se consegue assistir à transformação da Selecção Nacional na Selecção B do Brasil em silêncio. Qual silêncio? A malta adora, sente-se tão em comunhão com o grande irmão do outro lado do Grande Lago. Olhem como somos cosmopolitas, modernos.
Tudo pela mão desse grande Génio da táctica futebolística, que não quis Deco na Selecção do Brasil, mas já o aceita na portuguesa. O caixote do lixo da Canarinha é aqui em Portugal. Felizmente para Scolari, para receber o seu chorudo cheque não precisou de pedir nacionalidade tuga, mas sente a pátria lusa; só não consegue é largar o sotaque. E o coitado do Pepe que até namora com uma portuguesa e faz das tripas coração para falar sem sotaque... Mas Scolari tem razão quando nos chama a nós, os que ainda pensamos pela nossa própria cabeça, de hipócritas. Afinal, temos o Obikwelu. Pois. Mas no atletismo trata-se de competições individuais, de superação individual; o futebol é um desporto colectivo e é a doença deste povo, único desporto que interessa à maioria dos tugas. Quando os tugas pensam no Obikwelu, pensam na história dele, o drama pessoal.
Mas sim, somos uns hipócritas. E o Scolari, que larga uma lagrimazita de emoção quando ouve o hino (o nosso, o português)com a mão no peito, e que nas conferências de imprensa diz "o nosso povo" quando pede a presença dos portugueses nos estádios a apoiar a Selecção, aprendeu cedo essa falha de carácter tuga. Ele que se preparava para jurar fidelidade a Sua Majestade, a Rainha, e que até já arranhava essa sua outra língua materna, o inglês, nas entrevistas com a imprensa inglesa, ia certamente passar a pedir o apoio de "our people", e pôr a mão no peito enquanto berrava emocionado "Godji seivi dji Queeni". Inglês desde pequenino, ele.
Mas não foi preciso. O grande Sargento teve o seu grito do Ipiranga: "digam ao povo que eu fico!". E assim pôde continuar a derramar a sua imensa sabedoria futebolística sobre nós, cuja filosofia é sintetizada por essa magnífica expressão, o "mata-mata", que de tão simples quase parece simplória. Mas só parece.
Talvez devesse ser erguida uma estátua à entrada de Lisboa, uma espécie de Estátua da Liberdade, mas em vez de uma tocha, uma bola, e em substituição da célebre frase "Deêm-me os vossos exaustos, os vosso pobres; as vossas multidões que anseiam por respirar livremente", a seguinte: "Deêm-me os vossos pés de chumbo, os vosso trambolhos; Os rejeitados da vossa Selecção; Deêm-me os que apenas estão aqui de passagem para os grandes campeonatos europeus; Eu lhes darei um lugar na minha Selecção".

P.S. - O próximo grande craque a sentir o chamamento da pátria será o Liedson. Afinal, o Scolari até já se queixou que há falta de portugueses em lugares chave... Com o actual rendimento do Nuno Gomes e do Hélder Postiga, o Liedson ainda vai a tempo do próximo europeu.

17 agosto, 2007

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